O nascimento exige protocolos que vão além das lembrancinhas
e presentes. Bom senso e respeito são as palavras de ordem. Se você está
prestes a ganhar um bebê, que tal enviar esta reportagem,
“despretensiosamente”, aos seus familiares?Seja breve! Essa é a recomendação
mais básica para os visitantes. Vale lembrar que o bom senso prega não visitar
nenhuma família de recém- nascido se estiver com febre, resfriado, doença
respiratória ou contagiosa. E, acrescenta-se nesta listinha: não levar crianças
menores agitadas, daquelas que correm e gritam pelos corredores da maternidade.
Bem, essas dicas soam óbvias demais, mas especialistas
garantem que elas ainda são muito valiosas. Sim, há muitas pessoas que não se
preocupam com o tempo de permanência e, na ânsia por conhecer o bebê,
esquecem-se dos malefícios daquele resfriadinho, tão comum nos dias de hoje.Num
país como Brasil, onde tudo acaba em festa, o nascimento muitas vezes entra na
tradição cultural para tudo começar, também, em uma grande festa. Por isso,
todo cuidado é pouco na hora de pensar em quem convidar, logo no pós-parto. Ser
breve, por exemplo, pode ser impensável para amigos muito calorosos, alegres e
acostumados aos velhos cafezinhos do interior, onde os filhos nasciam em casa.
A pediatra Clery Bernardi Gallacci, do Hospital e
Maternidade Santa Joana, esclarece que ser breve significa ficar no máximo 15
minutos dentro da maternidade. E, detalhe, caso haja alguma intervenção da
equipe médica, a orientação é se retirar do quarto. “Esse período é de
recuperação do parto. Os informes médicos são importantes e a presença de uma
visita pode dispersar a atenção da mãe. É preferível a pessoa se ausentar do e,
na saída do profissional, despedir-se da família”, recomenda Dra. Clery.
Preparando as visitas
É válido dedicar um tempinho para descobrir como a nova
família deseja ser recebida. E, para os novos papais, mesmo que desejem
festejar, vale pensar na seleção e quantidade dos convidados. Lembre-se: a
maternidade é um lugar para a recuperação. Portanto, para poucos e com bom
senso.Pessoas com as quais a mãe tem mais intimidade e liberdade para dizer,
por exemplo, que tem sono e precisa dormir são sempre bem-vindas à maternidade.
Já colegas de trabalho e parentes mais distantes podem conhecer o bebê pela
internet e visitar a família somente após o primeiro mês de rotina em casa,
aconselha a doula Ana Paula Garbulho, que atende vários casais grávidos no
curso de Cuidados com Bebê e Pós-parto, que ela ministra na cidade de São
Paulo.Ela conta que não conheceu nenhum casal que tivesse o desejo de receber
todo mundo na maternidade. O desafio é sempre inverso: como comunicar à
família, amigos e colegas que a mãe e o bebê precisam de repouso?
“Eu sempre jogo essa responsabilidade nas costas do pai, que
geralmente entende seu papel de proteger a nova família dos parentes, amigos e
colegas mais distantes ou inconvenientes”, responde Ana Paula. Já para aqueles
mais incompreensivos, a doula indica usar a recomendação médica como
justificativa para evitar a visita. “Ninguém vai ficar com raiva do médico”,
brinca. Outra sugestão é enviar um email aos colegas de trabalho, amigos e
parentes com a foto do bebê e um recadinho de que a família estará com as
portas abertas para receber a todos, depois do primeiro mês de vida em casa.
Palpites e Amamentação
Prepare-se! As opiniões indesejadas virão de todos os lados.
Mas, elas podem e precisam ser filtradas “Digo sempre que palpites não são
pedidos, mas oferecidos de graça. É importante a mãe fazer uma seleção daquilo
que lhe faz bem e descartar aquilo que lhe é destrutivo”, ensina a doula.
A pediatra do Hospital e Maternidade Santa Joana diz que
parentes mais próximos, como mãe e sogra, devem esclarecer suas dúvidas ou
sugestões com a equipe médica, no interior do quarto, na frente da família,
antes de recomendar suas vivências. Ana Paula ressalta que uma boa maneira de
ajudar é respeitar o aprendizado da nova mãe.
“Cada um tem seu momento de criar o filho e o aprendizado
deve ser natural. Cada mulher precisa descobrir pela própria experiência qual
vai ser o jeito de amamentar, trocar, brincar e me comunicar”, observa Ana
Paula.
A amamentação é um dos alvos prediletos das visitas
palpiteiras. O que pode ser muito bom para mãe e o bebê, se elas souberem dar
apoio. Lígia Moreiras Senas, doutoranda em Saúde Coletiva da Universidade
Federal de Santa Catarina, diz que palavras de incentivo, amorosas e muita
paciência são atitudes que contribuem muito, na hora da amamentação. “É bom
ressaltar, também, que uma mãe precisa de exemplos. Não vai ajudar em nada o
palpite de uma pessoa que não amamentou seus filhos e se vangloria de que eles
sobreviveram”, exemplifica Ligia.
10 Regrinhas básicas para visitas na maternidade
1-Não vá à maternidade se estiver resfriado, com febre,
doenças respiratórias ou contagiosas. Não visite o bebê, enquanto não estiver
são.
2- Pergunte ao casal quando e onde eles preferem receber sua
visita.
3- Seja breve. Não ultrapasse 15 minutos na maternidade e
visite a família em casa somente após primeiro mês de vida por, no máximo, meia
hora.
4- Antes de comprar flores, verifique com pai se a mãe gosta
de recebê-las ou se há alguma contraindicação médica na maternidade.
5- Não leve crianças muito agitadas, que correm e gritam
pelos corredores.
6- Não dê palpites sobre o jeito certo de criar o
recém-nascido. Suas palavras de incentivo devem contribuir para mãe descobrir
um jeito próprio de criar o filho.
7- Visitas íntimas, como mãe e sogra, devem dar suas
sugestões ou esclarecer dúvidas diante da equipe médica.
8-Lave as mãos ou passe álcool com gel na hora em que entrar
no quarto da. Resista à tentação de pegar o bebê no colo.
9- Retire-se do quarto, caso haja uma intervenção da equipe
médica.
10 – Tire foto somente com a permissão dos pais.
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